quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Email de Natal

Acordei relativamente cedo, já que era dia de Natal e tinha o dia (ou a manhã, ou o que restava dela) bastante preenchida. Não sei porquê, mas fui ver os meus emails no telemóvel. Já não me lembro se fui ver os emails apenas para matar aqueles minutinhos de "ronha" na cama ou se fui mesmo em busca de notícias tuas. Acho que não esperava que me tivesses escrito um email porque assim que vi o teu nome no remetente, estremeci e fiquei com aquele aperto no estômago com que fico quando estou nervosa. Abri e lá estava ela, a mensagem de boas festas, com o beijo que me pertencia. Respondi, claro, desejando-te também que passasses um óptimo Natal, secretamente desejando que no meio do teu Natal, eu pairasse sempre pela tua cabeça, como fantasma sempre presente, como lapa na rocha, como pastilha elástica em sapato.

É engraçado como funciona a cabeça das pessoas, ou pelo menos como funciona a minha cabeça. Não te quero, mas quero que me queiras. Que me sintas a falta. Que me desejes. Que não me esqueças. Que lamentes todos os dias aquele em que decidiste percorrer o caminho mais fácil, o que tinha menos curvas, o que todos esperavam que trilhasses. Nunca percebi se te quero castigar ou se é apenas uma forma de manter o meu ego nas nuvens, bem ao estilo não-me-tens-mas-não-me-esqueces-e-eu-serei-sempre-a-mulher-da-tua-vida".

Às vezes acho que te amo, às vezes acho que te odeio. Tenho também aqueles momentos em que acho que me és indiferente. Normalmente, se te odeio, estou a lembrar-me do dia em que não tiveste a coragem de seguir pelo nosso caminho. Que foste um fraco. E que isso só pode significar que não gostas de mim. E este é meio caminho andado para te odiar. Faço sempre este exercício nos momentos seguintes a achar que te amo.

Depois do amor e do ódio vem o momento da indiferença. Nestes momentos até podíamos ir almoçar juntos, como bons amigos. Conversar sobre os nossos filhos, a escola, as nossas relações amorosas, a nossa família....

Ah, e também te odeio quando sinto que não sou feliz com a pessoa que tenho ao meu lado. Acho que aí até te odeio com mais força, que te penalizo e culpabilizo pela minha infelicidade. Se tivesses tido a coragem de apostar em nós eu poderia estar ao lado de alguém que amo, em vez de estar simplesmente (apenas) ao lado de alguém. Odeio-te tanto nestas alturas!

Enviei a resposta ao teu email e, no fundo, sabia que me irias responder uma vez mais. Que desta vez o meu email não iria ser o último desta nossa tão breve "conversa".

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